Se os nomes genéricos podem ser usados tanto para o Deus verdadeiro como também para as divindades falsas, como por exemplo “Elohim” (veja o artigo NOMES GENÉRICOS DE DEUS), os nomes específicos de Deus jamais serão invocados para outras divindades. Os nomes específicos de Deus são aqueles que nas Escrituras só aparecem aplicados ao Deus verdadeiro. Portanto, os nomes específicos de Deus trazem por si só temor, reverência, devoção. São eles: El shadday, Adonay, YHWH e YHWH dos Exércitos.

Shadday (שדי) – Todo-poderoso

Este termo aparece sozinho (שדי – Poderoso), como em Gênesis 49.24, como também na forma composta (אל שדי – Deus Todo-Poderoso), sendo o mais predominante. A Septuaginta traduziu shadday por pantokrator e a Vulgata por omnipotens. Várias hipóteses têm sido levantadas com relação ao termo shadday. Uma delas defende que ele está associado com o verbo hebraico shadad, “destruir”, sugerindo a idéia de “meu destruidor”. Outra corrente entende que se deve identificá-lo com o vocábulo acadiano sadu, “montanha”. Sendo assim, a tradução de El Shadday seria “Deus de montanha”. Para Esequias Soares, “o nome hebraico Shadday é derivado de Shadad, que significa ‘ser poderoso, forte e potente’; mas há quem afirme que essa palavra seja derivada do verbo hebraico Shadá que quer dizer: ‘alimentar’. Tanto a primeira quanto a segunda são inerentes à natureza divina: Deus é o Todo-poderoso e também dá a vida, alimenta e torna frutuoso”.1

Como título divino, shadday aparece 48 vezes no Antigo Testamento. Na maioria das vezes aparece no livro de Jó (31 vezes). Dessas 48 vezes, shadday (שדי) é antecedido por El (אל – Deus) em sete ocasiões: Gênesis 17.7; 28.3; 35.11; 43.14; 48.3; Êxodo 6.3; Ezequiel 10.5. No restante das vezes, shadday (שדי) aparece sozinho.

Adonai – Senhor

Com a chegada da Lei, o tetragrama יהוה era de tal maneira reverenciado que os judeus deixaram de pronunciá-lo. A Lei era explícita: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7); “Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto; toda a congregação o apedrejará; tanto o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto” (Levítico 24.16). Para que ninguém corresse o perigo de blasfemar do nome divino, todas as vezes que houvesse necessidade de pronunciar esse nome, os judeus poderiam pronunciar de outra forma, ou seja, poderiam usar Adonay ou haShem (השם) (haShem quer dizer “O Nome”), nunca o tetragrama. Portanto, todas as vezes que aparece nas Escrituras o nome divino “impronunciável” יהוה, ele é trocado por Adonai nos serviços religiosos e hashem nas conversas informais. A Septuaginta traduziu Adonai e o tetragrama pela palavra grega kuriov (kurios), que é “Senhor”, o nome divino.

YHWH – traduzido por Senhor

O tetragrama é o nome divino que ocorre com mais frequência no Antigo Testamento, 5.321 vezes, sendo escrito por quatro consoantes: yod, he, vav, he (o alfabeto hebraico não possui vogal).2

 Não sabemos realmente como os judeus pronunciavam o nome, pois este tornou-se impronunciável pelos hebreus desde o período intertestamentário, devido à ordem divina proibindo que se tomasse o nome do Senhor (YHWH) em vão. Assim, os judeus temiam e temem pronunciar o tetragrama, substituindo-o na leitura pela palavra Adonai ou “O Nome”, há’Shem em hebraico.

Fontes

1 SILVA, Esequias Soares da. Op. cit., p. 133.

2 HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L.; WALTKE, Bruce K. Op. cit., p. 345.

Curso Fundamental em Teologia, Faculdade Teológica Betesda, Editora Betesda, Módulo 1, p. 31

One Comment

Deixe um comentário!