I – Introdução

A Ciência Cristã pode ser denominada como um movimento otimista dos Estados Unidos da América. Há uma identidade de ensino entre ela e a Secho-No-Ie naquilo que é fundamental para ambas – a negação da realidade da matéria. A Seicho-No-Ie tem a sua força de atração num sistema de cura sem remédios, alegando que toda doença só existe na mente da pessoa e que, mudada a maneira de pensar, ignorando-se os sintomas da doença, esta desaparece e isto sem remédios. Do mesmo modo procede a Ciência Cristã. A Seicho-No-Ie ensina que: O homem não é matéria, não é corpo carnal, não é cérebro, não é célula nervosa, não é glóbulo sangüíneo, nem é o conjunto de tudo isso. Ao lerdes a SEICHO-NO-IE e conhecerdes a Verdade, se sois curados de doenças, é porque houve a destruição daquele sonho inicial(“As Sutras da Seicho-No-Ie”, Educação Divina e Treinamento Espiritual Para a Humanidade. Masaharu Taniguchi. Sociedade Religiosa Seicho-No-Ie no Brasil, 3ª edição, p. 302).

A Ciência Cristã tem ensino idêntico: a matéria não existe. Em seguida vêm outros ensinos que se seguem à negação da matéria: pecado, doença, dor: Sujeita a doença, o pecado e a morte à regra da saúde e da santidade na Ciência Cristã, e certificar-te-ás de que esta Ciência é demonstravelmente verdadeira, pois cura o doente e o pecador como nenhum outro sistema pode fazê-lo. A Ciência Cristã, bem compreendida, conduz à harmonia eterna (“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, pp. 337-338). Essa é a sua fonte de atração.

II – História

O livro base da Ciência Cristã é “Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, cuja primeira edição foi publicada em 1875. Este livro, considerado a bíblia da seita, foi escrito pela fundadora Mary Baker Glover Patterson Eddy. Afirma a origem divina do seu livro, dizendo: Deus, por Sua mercê, vinha me preparando durante muitos anos para a recepção desta revelação final do Princípio Divino absoluto da cura mental científica(“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, p. 107). É uma característica comum aos fundadores de religião alegar uma revelação especial de Deus para seus sonhos, visões ou revelações. Homens e mulheres especiais que foram agraciados por Deus para uma missão salvadora entre os homens. Essa é a história de Mary Baker. Nasceu ela a 16 de julho de 1821, numa fazenda de Bow, Estado de New Hampshire, nos Estados Unidos. Seus pais chamavam-se Mark e Abigail Baker. Foi a última de seis filhos.

Durante sua infância teve diversos períodos de enfermidade e depressão. Com 17 anos, tornou-se membro da Igreja Congregacional (“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, pp. 351). Casou-se três vezes: a primeira vez quando tinha 22 anos, com George W. Glouer, que morreu sete meses depois; o segundo casamento com Daniel M. Petterson, de quem se divorciou; e o último casamento com Asa G. Eddy. À medida que se casava de novo ao seu nome de origem foram sendo acrescentados os nomes de seus esposos, daí passou a chamar-se Mary Baker Glouer Patterson Eddy. Em 1862, Mary Baker Eddy consultou o famoso Dr. Phineas Parkhurst Quimby uma vez que sofria de constantes ataques nervosos e de um mal da espinha que a afetava física e mentalmente. Quimby seguia orientação de um médico francês Charles Poyen, um mesmerista, adepto de Franz Anton Mesmer, médico alemão ocultista. Esse médico alemão pretendia ter descoberto no ímã o remédio para todas as doenças. Todo ser vivo possuiria um, fluído magnético misterioso capaz de passar de um indivíduo para outro, estabelecendo influências recíprocas e curas (“Pergunte e Responderemos”, 401/1955, pp. 37-38). De modo que os ensinos da Ciência Cristã estão aliados ao ocultismo. A própria Mary Baker declarou: Foi depois da morte de Quimby que descobri, em 1866, os fatos importantes relacionados com o espírito e com a superioridade deste sobre a matéria, e denominei Ciência Cristã a minha descoberta (“Pergunte e Responderemos”, 401/1955, p.38). A palavra ocultismo é de origem latina ocultus e significa escondido, misterioso, duvidoso. A Bíblia é explícita em proibir práticas ocultistas em Dt 18.10-12: Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Essa proibição é repetida em Ap 21.8; 22.15.

III – Origem de Seus Ensinos

Em 1º de fevereiro de 1866, Mary Baker Eddy sofreu uma queda sobre o gelo, ficando sem sentidos por algumas horas. O médico deu o diagnóstico: choque traumático e possível deslocamento da espinha. Não tomou os remédios receitados. Nesse período de sua doença passou a ler os evangelhos em sua casa e lendo a cura do paralítico por Jesus, e ainda influenciada pelas idéias de Quimby, sentiu-se curada. Este é o milagre básico da Ciência Cristã e adquiriu o título de A Queda Milagrosa em Lynn.

Sabemos pela Bíblia que os milagres não são provas definitivas da aprovação de Deus para ensinos que divirjam da sua Palavra (Mt 7.21-24). Depois de dez anos, em 1875, publicou o livro base “Ciência e Saúde” (CS). Em 1879, foi fundada a Igreja do Cristo Cientista, tendo na presidência a sua fundadora. Em 1881, ela foi eleita pastora. A 2 de dezembro de 1910 a pastora Mary Baker Glouer Patterson Eddy morreu com a idade de 89 anos, apesar de seu ensino haver negado a doença e a morte. Em vida escreveu sobre ela mesma: Ninguém pode tomar o lugar da Virgem Maria, o lugar de Jesus Cristo, o lugar da autora de “Ciência e Saúde”, a descobridora da Ciência Cristã (“Retrospection and Introspection”, p. 70).

Ensinos Confrontados com a Bíblia

A Ciência Cristã não é nem cristã nem é ciência. Se seus ensinos fossem cristãos deveriam se ajustar àquilo que os cristãos crêem com apoio bíblico. Entretanto, vamos notar que a maioria dos seus ensinos diverge frontalmente dos ensinos cristãos.

IV – Deus

O Deus da Ciência Cristã não é um ser pessoal. Dizem: Deus é o Princípio da metafísica divina.

1. Deus é Tudo-em-tudo.

2. Deus é o bem. O bem é a Mente.

3. Deus, o Espírito, sendo tudo, a matéria nada é.

4. A Vida, Deus, o bem onipotente, nega a morte, o mal, o pecado, a doença (“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, pp. 112-113).

Resposta Apologética:

A Bíblia afirma que Deus é uma pessoa espiritual. Longe de indicar que Deus é um princípio, a Bíblia declara que Deus é uma pessoa espiritual. Afirma o escritor do livro de Hebreus: Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação de nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hb 1.1-3). O texto mostra que Jesus é a expressa imagem do seu Pai. Sendo Jesus uma pessoa, e sendo a expressa imagem do Pai, é óbvio que o Pai também é uma pessoa. Filipe, um discípulo de Jesus, pediu-lhe: Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem, faz as obras (Jo 14.8-10). Além disso, lemos de atributos pessoais de Deus como segue:

Deus ama: Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor (1 Jo 4.8) (destaque nosso);

Deus é misericordioso: Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou (Ef 2.4) (destaque nosso);

Deus é piedoso: Passando, pois, o Senhor perante ele, clamou: O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade (Êx 34.6) (destaque nosso);

Deus fala e se identifica a Moisés como uma pessoa: E o Senhor desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do Senhor. Passando, pois, o Senhor perante ele, clamou: O Senhor, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade (Êx 34.5-6).

V – Panteísmo

Deus é Tudo-em-tudo. Deus é o bem. 0 bem é a Mente. Deus, o espírito, sendo tudo, a matéria nada é. Continua: Assim como uma gota d’água é uma com o oceano, um raio de luz um com o sol, do mesmo modo Deus e o homem, o Pai e o filho, são um no ser. A Ciência da mente acaba com todo o mal. A Verdade, Deus, não é o pai do erro. O pecado, a doença e a morte devem ser classificados como efeitos do erro. O homem e a mulher, coexistentes eternos com Deus, refletem para sempre, em qualidade glorificada, o infinito Pai-Mãe Deus (“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, pp. 113, 361, 473, 516).

Resposta Apologética:

A Bíblia aponta a transcendência e a imanência de Deus. Com isso é declarado que Deus é separado da própria criação que Ele próprio criou: No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1). Logo, a criação é distinta do próprio Criador. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem taõ pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas (At 17.24-25). Embora distinto da criação, Deus não está longe, distante. Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós (At 17.27). A Ciência Cristã diz: Deus é Tudo-em-tudo, mas Deus não está em Satanás e nos demônios. Ele não está no homem não-convertido, não regenerado. Satanás é chamado o deus deste século (2 Co 4.4). Jesus disse acerca do diabo: Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira (Jo 8.44), falando dos judeus incrédulos.

VI – Conclusão

A Ciência Cristã apresenta ensinos conflitantes: Se duas afirmações se contradizem diretamente e uma delas é verdadeira, a outra tem de ser mentirosa. Será a Ciência assim contraditória? (“Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras”, Mary Baker Eddy The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973, p. 358).

Nós como cristãos, podemos responder esta pergunta afirmativamente: Sim.

Fonte: ICP – Instituto Cristão de Pesquisas – Série Apologética – Vol. IV

Deixe um comentário!