Sola Gratia – Somente a Graça
- Ef 2.8 – 9
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.
A doutrina Sola Gratia nasceu em oposição a doutrina de méritos e indulgências criado pela Igreja Católica.
Vejamos quais eram as práticas da igreja:
- Missas em favor dos mortos
A doutrina começou com a Ceia do Senhor, que na igreja primitiva era feita de casa em casa entre os irmãos, mas com o passar dos anos essa ordenança começou a tomar outros rumos, o crente não podia nem ao menos tocar no pão. Com a doutrina do purgatório estabelecida pelo Papa Gregório, a ceia começou a ser realizada em favor dos mortos, logo a missa pelos mortos foi estabelecida, os fiéis podiam orar e entregar ofertas no dia do aniversário da morte de seus entes queridos, essas ofertas podiam, supostamente, reduzir a pena dos seus parentes, vivos ou mortos, aliviando sua pena no purgatório.
“Não somos salvos por missas realizadas em nossa memória, nem por sacramentos realizados por entes queridos, mas pela Graça salvadora de Jesus”
- O pagamento pelo perdão
A Igreja Católica tinha dividido os pecados em duas categorias: Pecados mortais e pecados veniais (Venial = digno de perdão, de vênia, desculpável, perdoável);
Os pecados mais notáveis (assassinato, adultério, feitiçaria, etc) eram considerados mais graves, enquanto os pecados menos notáveis (rixas, fraudes, difamação, desonestidade) eram considerados mais leves e passíveis de perdão através de penitências;
É obvio que esta divisão é muito subjetiva e não tem o menor embasamento bíblico;
Isso deu origem a doutrina católica da penitência e da confissão auricular. Assim que os pecados eram confessados ao sacerdote, o mesmo impunha uma penitência de acordo com a gravidade do pecado, a penitência envolvia orações repetidas e boas obras, desta forma o pecador estava livre do seu pecado por mérito próprio.
Sendo assim, o perdão de pecados era obtido pelas penitências, confissões, indulgências e purgatório.
“Veja que nesta doutrina, o sacrifício de Jesus é anulado. Se for assim não precisamos de um salvador, nós mesmos podemos nos salvar”
Aprendemos na Palavra de Deus que não temos mérito algum, merecemos a morte. Rm 6.23. Pois todos nós somos pecadores. Rm 3.23.
O que é a graça então?
É a retribuição mais injusta que o homem já recebeu!
A retribuição justa seria a morte, mas a Graça é a prova da “INJUSTIÇA” de Deus em nosso favor, nos dando vida, mesmo merecendo a morte.
Só consegue entender o tamanho da Graça aquele que consegue entender o tamanho do seu pecado!
Aquele que não enxerga o quanto é pecador, o quanto carece de perdão, o quanto está em falta com Deus, não consegue ver o tamanho da Graça.
“36 Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa.
37 E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
38 e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.
39 Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.
40 Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre.
41 Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta.
42 Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?
43 Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem.
44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.
45 Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés.
46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés.
47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.
49 Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?
50 Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.”
Lc 7.36 – 50
Não dá pra sentir o calor da Graça enquanto nos achamos merecedores de alguma coisa. Antes de mais nada, é preciso enxergar que somos pecadores.
Depois desta auto avaliação, vamos entender como Deus trabalha com seu perdão sobre as nossas vidas:
- Não é porque sou bom e eticamente correto
- Ef 2.10
10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Já fomos criados para fazer as boas obras, não há mérito nisso.
Vamos dar um exemplo qualquer, é como se eu disse assim: “- Veja pessoal, não bati na minha esposa nestes últimos anos!” As pessoas me responderiam assim: “- Você não fez mais que a sua obrigação, você quer aplausos por isso???”
Outro exemplo: “- Pessoal, não roubei ninguém este ano!” Pense bem, que louvor há nisso?
- Não é porque guardo a lei e os mandamentos
- Gl 3.11
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
- Não é porque estou me sacrificando
Não podemos pagar o que é de graça.
Jesus disse aos seus apóstolos: De graça recebestes, de graça dai.
- Mt 10.8
8 Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Existem campanhas por curas, envolvendo dinheiro, jejum, sacrifício. Será que é assim que vamos obter nosso milagre? Temos que pagar pra receber? Eu dou um dinheiro numa campanha e o Senhor me cura? Eu morro de fome num jejum para o Senhor me abençoar?
É tudo pela graça!
Entendendo a Graça de Deus sobre nós:
Jesus e a fogueira na praia
Deixa eu contar uma história bíblica com um pouco mais de emoção. Após a morte de Jesus, Pedro e seus amigos foram novamente pescar, e nada apanhando a noite toda estavam voltando para praia.
De repente uma voz. – Vocês pegaram algum peixe? Pedro e João erguem os olhos. Provavelmente era um aldeão. – Não – eles gritaram.
João olha para Pedro. Que prejuízo. Uma voz vem da praia novamente – Lança mais pra direita! Pedro sem perceber, lança as redes novamente, segura a corda sem esperança de pescar alguma coisa, então, a corda puxa com violência para baixo, Pedro põe seu peso contra o lado do barco, começa a puxar a rede, está tão envolvido com a tarefa que não percebe a mensagem.
João não. Aquela situação já havia acontecido anteriormente e em segundos passa um filme na cabeça de João. A noite longa. A rede vazia. O chamado para lançar a rede. Os peixes vindo em cardumes enormes. Espere um minuto… Ele ergue os olhos e vê o homem na praia.
– É ele – sussurra.
Então mais alto:
– É Jesus!
Pedro se vira e olha, Jesus está na praia fazendo uma fogueira. Ele mergulha na água, nada até a praia, sai tropeçando todo molhado e tremendo, e se põe diante daquele a quem ele tivera negado.
Em poucas vezes na bíblia Pedro fica em silêncio. O que ele falaria naquele momento? Que palavras seriam suficientes?
O que dizer neste momento? O que dizer em uma hora como esta?
Ambos sabem o que aconteceu, Pedro negou Jesus três vezes. Qual será a reação de Jesus? Ele vai dar uma bela bronca em Pedro, e dizer mais ou menos assim: “Que belo amigo eu arrumei, quando eu mais precisei de você, você não estava lá”, “É Pedro, você me traiu, esperava isso de todos, menos de você”. Não. Isso é o que nós responderíamos, mas não Jesus.
Ele prepara um café da manhã para Pedro, que fica parado em frente da face do Cordeiro de Deus. Que cena espetacular, o retrato da graça, a expressão do amor.
Graça!!!
Filho Pródigo
Como você receberia o filho que levou a herança, gastou tudo, foi rebelde e envergonhou a família?
Já sei: Cadê a bolsa de dinheiro que eu te dei? Onde você estava menino? Bem feito, é pra você aprender!
É o que nós provavelmente falaríamos. Mas em nenhum momento da parábola o Pai pergunta sobre o dinheiro, o filho não teve nem tempo de pedir perdão, o pai correu até o seus braços e o recebeu com alegria. Perdoado. Restituído na mesma posição de filho.
Graça!!!
A graça do Pai
Dois irmãos brincavam de bola, ao chutar mais forte para o gol, o filho mais velho erra a pontaria acertando em cheio a janela do vizinho. Os dois correm para dentro de casa e fingem estar assistindo televisão na sala. Logo Sr. Roberto sai de casa enfurecido com o acontecido e pergunta, quem foi? Foram vocês vizinhos?
Os meninos atemorizados, mas com intrepidez reagem: – Imagina Sr. Roberto, estamos na TV há horas.
O Pai dos meninos, muito mais honesto e corajoso que os filhos, interrompe a fala dos rapazes e diz: – Foram meus filhos! Eu vou pagar o prejuízo! Afinal, eu sou pai deles.
Acho que nem preciso explicar a moral da história, você já entendeu o que é Graça.
Não temos como pagar, SOMENTE A GRAÇA, SOLA GRATIA!
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