SOLA FIDE

Somente a fé

• Ef 2.8

8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;

A doutrina Sola Fide teve origem para combater as heresias da igreja no século XVI que dizia que pra ser salvo, além da fé era necessário ter obras.

Que tipo de obras eram impostas pela igreja?

• Ações de caridade

Não há dúvida de que a ação em favor do necessitado é uma parte importante da religião cristã (Tg 1.27; 1Jo 3.17). A teologia protestante não negligencia a importância do socorro ao necessitado e entende que não prestar esse socorro seria negligenciar o claro ensino da Escritura. No entanto, ela rejeita a associação desse dever cristão com a aquisição da salvação.

• A piedade religiosa

Outra forma de boa obra é a piedade religiosa: frequência às atividades da igreja, prática de orações diárias, devoção aos santos, ajuda ao sacerdote e envolvimento com o calendário eclesiástico, etc. A intensidade e a frequência com que uma pessoa expressa sua religião era vista como um meio de se obter a salvação. A teologia protestante defende o compromisso do cristão com a comunidade cristã da qual faz parte e ensina a importância do cumprimento dos deveres cristãos. No entanto, entende que atribuir valor salvífico a isso é ir longe demais.

Contra esta doutrina de méritos imposta pela Igreja Romana, a teologia reformada afirma que somos salvos pela graça mediante a fé.

Não precisamos de nada além da fé para:

1. Obter a salvação

Nada que possamos fazer poderá nos dar a salvação, não há méritos para o homem.

Este é o problema da doutrina católica, dizer que o homem tem méritos na salvação.

Veja o erro à Fé + Obras = Salvação, Milagre e Recompensa.

Não somos salvos por uma combinação de fé mais obras, mas somos salvos pela fé que produz obras, logo, as obras são fruto da fé.

• Ef 2.9 – 10

9 não de obras, para que ninguém se glorie.

10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

• Agradar a Deus

Se sou pecador, ele me ama, se me santifico ele me ama. Não há o que façamos de bom para sermos amados mais, nem de ruim para sermos amados menos.

Não adianta termos obras, se não tivermos fé.

• Hb 11.6

6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.

Por várias vezes o Senhor criticou aqueles que tinham excelentes obras, mas não tinham fé. Foi assim com a igreja de Éfeso, em Ap 2, que era uma igreja elogiada pelas obras, mas criticada pela falta de arrependimento e FÉ. Foi assim também com os fariseus, que davam o dízimo, mas negligenciavam coisas mais importantes, a justiça, a misericórdia e a FÉ. Mt 23.23

Ainda que façamos tudo o que o Senhor tem nos ordenado, seremos servos inúteis.

• Lc 17.9 – 10

9 Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado?

10 Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.

• Receber milagres

Não há necessidade de pagar pelo milagre. “Fazer um sacrifício”, como algumas igrejas dizem até hoje (veja que a reforma não serve apenas para igreja católica).

A fé é o único instrumento que Deus precisa para canalizar o milagre.

Vamos ilustrar a fé: Imagine que a “energia elétrica” é a vontade de Deus, e os “fios e cabos” são a nossa fé. Para a energia elétrica chegar até a nossa casa ela precisa de condutores, os fios e cabos fazem este trabalho. Da mesma forma, a vontade de Deus só chega até nós por meio dos condutores, ou seja, por meio da fé.

Portanto, a fé não faz o milagre acontecer, ela só conduz o milagre até nós. Os milagres descritos na Bíblia são de autoria divina.

• Rm 4.18 – 21

18 Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.

19 E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,

20 não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,

21 estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.

Podemos abrir um parênteses aqui e dizer como deve ser nossa fé:

V.18 à Esperar contra a esperança. Tudo está caminhando para dar errado, todos os prognósticos é que vai acontecer o pior, mas nós cremos no contrário!

V.19 à Sem enfraquecer na fé. O desafio não é apenas ter fé, mas manter a fé. Mesmo contra as evidências.

• Hb 10.38 – 39

38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.

39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.

V.20 à Não duvidar. O cristão se fortalece dando glória a Deus no meio da luta.

V.21 à Convicto na fidelidade de Deus. A palavra do Senhor não volta vazia. Deus não volta atrás nas suas promessas.

Conclusão

Não preciso de nada além da fé pra obter a salvação, o milagre ou agradar a Deus. SOLA FIDE! Porém temos que nos reformar para saber como anda nossa fé, que tamanho ela está. A Bíblia também afirma que existe uma medida de fé. Jesus reprovou seus discípulos em várias ocasiões dizendo que eles tinham “pouca” fé, “pouca” no sentido de “sem qualidade”. É necessário sempre “aumentarmos” nossa fé, melhorarmos a qualidade da fé.

• Lc 17.5 – 6

5 Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.

6 Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá.

Quando o Senhor fala “como um grão de mostarda”, não quer dizer “do tamanho do grão de mostarda”, pois a Bíblia entraria em contradição ao dizer que só é necessário um pouco de fé, e em outras passagens reprovando quem tem pouca fé.

Alguns teólogos interpretam este texto dizendo que Jesus estava mostrando o menor grão que os discípulos conheciam, e este mesmo grão aumentava de tamanho surpreendentemente, em menos de um ano o grão de mostarda se torna um arbusto de mais de 1 metro de altura. Ou seja, o que o Senhor quis dizer com o grão de mostarda é que nossa fé tem que aumentar, melhor em qualidade, crescer.

Para você medir a qualidade da sua fé depositada em Deus vamos para uma ilustração:

Um grande equilibrista, muito famoso em seu país, resolve fazer uma grande apresentação, que representará um grande e inédito feito em toda sua carreira: Atravessar um vale de uma montanha a outra, sobre uma corda bamba, sem nenhuma proteção, somente usando as suas habilidades de equilibrismo.

No dia marcado para a realização do grande feito, uma grande multidão se reúne para ver o grande equilibrista em ação. Concentrado, ele inicia sua travessia com muita maestria e, depois de algum tempo, chega até o outro lado. A multidão vai ao delírio e pede mais.

Foi quando algumas pessoas da multidão chegaram mais perto do equilibrista e lhe disseram: atravesse mais uma vez, você consegue! Você é o melhor! Você é demais! Temos fé em você! O equilibrista pergunta àquelas pessoas: Vocês creem que eu posso atravessar de novo esse vale, andando apenas nessa corda bamba? Sem hesitar todos responderam: Sim, nós cremos!

O equilibrista, então, pede ao seu assistente que lhe arranje uma carriola. Ninguém entendeu esse pedido estranho dele, mas o assistente fez como ele mandou. Quando a carriola chegou, o equilibrista chamou um homem daquele grupo que tinha tanta fé nele, e que cria tanto em sua capacidade, e lhe disse:

– Já que você crê tanto em minha capacidade, suba nessa carriola que eu atravessarei a corda bamba te levando nela!

O homem recuou imediatamente e não quis participar!

– Mas você não crê em mim, não crê que sou demais, que sou o melhor? Indagou o equilibrista!

– Eu creio que você é o melhor, mas não confio a ponto de subir nessa carriola. Disse o homem.

Assim somos muitas vezes com Deus! Dissemos que cremos Nele, que Ele é o melhor, mas não temos coragem de “subir na carriola” e entregar plenamente nossa vida aos cuidados dele!